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terça-feira, 1 de junho de 2010

Império em chamas







Sebastian Vettel (à esquerda, inferior) chama Webber de louco após batida (à direita, superior): Louco é quem diz


















A expressão carrancuda de Sebastian Vettel, após o treino de sábado para o GP da Turquia de 2010, denunciava que algo não estava bem em seu fim de semana (errou uma freada que lhe rendeu a terceira posição no grid. Culpou o carro). A performance de seu companheiro de equipe, Mark Webber, irretocável até então, certamente mexeu com a cabeça de Vettel.


Ele, que carrega no histórico de quatro anos e cinquenta corridas de Fórmula 1 uma vitória fantástica em uma equipe média-baixa (a STR), tinha tudo para ser o novo fenômeno da categoria. Talvez pretendesse seguir o caminho de Lewis Hamilton, que, já no primeiro ano, disputou o título mundial e, no segundo ano, levou o campeonato.


Infelizmente, não dispunha do suporte técnico e dos súditos do britânico da McLaren, e teve que tirar leite de pedra dos carros em que andou. Por isso, mereceu grande destaque.


Alguns comentaristas insistem que ele ainda tem muito que aprender. De fato: o erro grosseiro cometido a algumas voltas do fim do Grande Prêmio em Istambul Park não pode ser cometido por quem pretende disputar a temporada de F-1. Ainda mais do jeito que a tabela de classificação anda instável.


Webber se manteve na ponta com 93 pontos, mas se vê ameaçado pelos rivais Jenson Button (88) e Lewis Hamilton (84), o vencedor da corrida. Vettel, antes vice-líder, amarga a quinta posição (78 pontos) como consequência de sua manobra infantil.


As imagens são claras em mostrar que o erro de Webber foi se manter no seu traçado. Sebastian Vettel não quis simplesmente forçar uma ultrapassagem; queria que Webber o deixasse passar, pois o alemão atirou o carro na curva na tentativa de obrigar o companheiro de equipe a reduzir. Má ideia.


O australiano apenas se defendeu, pois o carro de Vettel não estava 100% à frente do seu. Praticamente ileso (fora a avaria no bico, que o obrigou a mais um pit-stop), ainda teve a chance de voltar à corrida e terminar em terceiro. Sebastian não pôde experimentar a mesma sorte: seu RBR ficou bastante avariado, e ele abandonou a prova com gestos de “louco” para Mark Webber. Loucura de quem? Ele já não é mais tão novato na categoria; erro censurável.


Aprendesse com Lewis Hamilton (e logo ele, tido como louco-mor da atual F1) e Jenson Button: voltas após o incidente, os dois travaram uma disputa limpa e emocionante pela primeira posição. Button deu sinais de que iria segurar a ponta depois de excelente manobra. Mas Lewis não se entregou tão fácil assim, e recuperou o lugar que herdou de Webber.


Que o campeonato está embolado já não é mais nenhuma novidade; que Webber perdeu uma grande oportunidade de fazer mais um bom resultado no início do ano que, a exemplo de Button em 2009, pode lhe render o título de 2010, incontestável. A RBR sofreu um leve arranhão na hegemonia da atual temporada. Infelizmente, causado por fogo amigo.


Se esse incidente desembocar em uma crise – como as trocas de acusações entre os dois pilotos anunciam - poderemos assistir à ruína do império, exatamente como ocorreu em 2007, na disputa interna de Hamilton e Fernando Alonso na McLaren. Pilotos excelentes, mas que, pelo desequilíbrio de um, afetaram toda uma escuderia. Na equipe chefiada por Christian Horner, porém, nem vai ser preciso uma denúncia de espionagem no meio do caminho.

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