Oi, sou eu

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"Você sabe o que eu quero dizer, não tá escrito nos outdoors. Por mais que a gente grite, o silêncio é sempre maior" (Engenheiros do Hawaii)

sábado, 31 de março de 2007

Verborragia (versos sem título)

Tenho vontade de vomitar tudo o que sinto
De mal que aflige e afeta o meu peito
Aproveito a lucidez que me dá este vinho tinto
E falo moderado minhas frases de efeito

Passa tempo tô mau bêbado bêbado
Tenho cento e vinte anos leio leio leio
Veloz veloz relógio quebrado tonto tonto
Estou eu vou girando o mundo minha
cabeça querida rodopia volteia vida louca
rouca rouca a voz me falha então eu
cuspo escarro tiro sarro garrafa na mão
peito aberto atira atira estou esperto
do fim acabado e isso era só um enjôo
agora golfo em convulsão o que sinto então
Dor amor viver querer paz é bom mas não
dá mais talvez nem fosse o vinho quíçá
estou sozinho e só o pó o resto fim
largado na sarjeta dou gorjeta ao garçom
Ah ele sabe viver isso é bom
O linho do terno tecido se rasga roto
O que era mau que bom expeli ao esgoto
E fui junto que eu era de mau gosto.
(24/09/2005)

domingo, 11 de março de 2007

Soneto ao descompasso do amor (com o tempo)

Tudo que eu queria ter era mais tempo. Um dia de 48 horas bastaria. Para descansar. Para escrever artigos. Para refletir. Deixo mais uns versos na falta de algo melhor:

Soneto ao descompasso do amor (com o tempo)

Eu te levo para um mar de rosas,
Sei que isso te parece antiquado.
Mas esse é o dom de amar e ser amado:
Fazer coisas acima de todas as coisas.

Vem, que o bonde elétrico nos espera,
Vamos ver o sarau no anfiteatro,
Colher flores nas praças, é primavera,
Mas antes que encerre o último ato.

E quem sabe ao cessar do arrebol
Eu trêmulo toque a tua mão
E a aperte segura junto à minha

Fiquemos extáticos à luz do farol
Com o peito que não cabe no coração
Só nós dois, e a luz que nos ilumina.

17/11/2005

sábado, 3 de março de 2007

Vigia

Farol dos olhos de faróis acesos
Espreitando avenidas de palavras
Displicentes, sem ordem de frase,
Absolutas, inexplicáveis, inúteis.

Escondido entre janelas, discretíssimo,
O espião sintático de minhas palavras
Procurando os sentidos de confissões
Absorvidas em preces, orações,
Versos estúpidos em vozes pagãs.

Deixei meu canto para os analistas,
Psicólogos da fala, os artistas,
Que observam cada valsa,
Que admiram o cadafalso
De palavras resistentes ao tempo,
Palavras ao vento, sobreviventes.

Em 14/10/2006