Vettel com o dedo cortado após o GP da China: o novo homem que corre sobre a chuva.
Foto: G1/ Getty Images
Pelo menos nos últimos dois anos, o Grande Prêmio da China tem marcado a Fórmula 1 como um dos mais enfadonhos. Em 2007, o abandono de Alonso e Hamilton, ambos da Mclaren - e lutando pelo título - foi o que houve de mais emocionante. Em 2008, as posições se mantiveram praticamente inalteradas, e quem assistiu pela televisão teve de fazer um grande esforço para não cochilar - no ocidente, por exemplo, a prova é exibida entre 2 e 4 horas da manhã. 2009 serviu para confirmar a tese de que o circuito não é mesmo uma grande atração.
A chuva serve para tornar as provas imprevisíveis e mais disputadas. Mas em excesso, pode ser um inconveniente. Por causa dela, as sete voltas iniciais contaram com a presença do safety car, frustrando a expectativa dos fãs que queriam curtir a apreensão da largada. Além disso, os pilotos se esforçaram bastante para não sair da pista escorregadia. Robert Kubica (BMW-Sauber), por exemplo, não conseguiu segurar o carro, provocando um acidente com Jarno Trulli, da Toyota.
Só o desempenho espetacular de Sebastian Vettel fez a corrida valer a pena. O alemão da RBR se mostrou impassível diante do aguaceiro, e guiou seu carro como se estivesse andando em pista seca. É a segunda vez que ele faz isso na breve carreira de 29 GPs - e a segunda vez em que vence.
O mais incrível é que até um piloto do nível de Rubens Barrichello - conhecido por ser um especialista na chuva - cometeu deslizes em asfalto molhado, mas Vettel pareceu nem se importar com esta adversidade. Nasce um novo homem que corre sobre a chuva, e a comparação com o brasileiro Ayrton Senna é inevitável.
Antes do julgamento de 14 de abril - em que a FIA deu parecer favorável ao uso de difusores nos carros da Fórmula 1 - algumas equipes, como Mclaren, Ferrari e BMW-Sauber, e pilotos como o bicampeão Fernando Alonso, reclamaram que a peça desigualava a competição, pois Brawn GP, Toyota e Williams estavam muito superiores ao restante das escuderias, graças ao equipamento. A RBR, que não usa difusor, além de ganhar com Vettel, ficou em segundo lugar com Mark Webber, fechando uma dobradinha histórica.
Jenson Button (Brawn) - que quase era tido como desempregado a poucos dias do início do campeonato - é o líder da competição, com 21 pontos, seis a mais que Rubinho, seu companheiro de equipe - e quase aposentado por alguns. Vettel, terceiro colocado da temporada, com 10 pontos - e ele deixou de ser promessa para figurar entre os grandes nomes do esporte - corre na RBR, antes intermediária, hoje grande na Fórmula 1.
Isso prova que, na atual fase da categoria, não é uma peça que define os rumos de tudo, e ser uma marca de peso já não ajuda tanto; é preciso esforço e competência para vencer.