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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Leões e Cordeiros

Mark Webber, vencedor do GP da Alemanha: o dia da caça.
Foto: F1 Around

Durante a era Schumacher, a Fórmula 1 deixou de ser um esporte para se transformar em acordo de compadres. O domínio absoluto da Ferrari fez das outras equipes, coadjuvantes, e o único capaz de bater o alemão era seu companheiro de equipe, Rubens Barrichello. Infelizmente, a escuderia italiana nunca deu essa chance a Rubinho. No Grande Prêmio da Alemanha de 2009, em Nürburgring, mudaram alguns elementos, mas a história se repetiu. Para o bem da categoria, ainda existe a RBR para reacender a disputa, a rivalidade tão necessária para qualquer esporte.

Mark Webber venceu a prova de maneira incontestável. O australiano - apelidado ao longo da carreira de "leão de treinos", porque só conseguia se dar bem na classificação para as corridas - demonstrou uma garra surpreendente na Alemanha. Defendeu a primeira posição com agressividade, jogando o carro para cima de Rubinho (Brawn GP), logo na largada - e por isso foi punido com um drive through.

Ainda assim, valeu-se de uma pilotagem sem erros, de um RBR em constante desenvolvimento e de uma boa estratégia de pit stops para reassumir a liderança, alcançando o lugar mais alto do pódio. Irretocável.

Falando em leões, outro que teve uma performance brilhante foi Nico Rosberg, da Williams. O "príncipe da sexta-feira" (chamado assim devido aos bons resultados nos treinos livres de algumas provas na temporada) ganhou 11 posições ao longo do GP, terminando em quarto lugar. Felipe Massa também teve um desempenho admirável, colocando a Ferrari em terceiro, o primeiro pódio dele no ano.

A Brawn GP reuniu elementos suficientes para representar a ruptura com o modelo covarde da Ferrari de se fazer uma estratégia. De equipe quase extinta, com pilotos à beira do esquecimento, a Brawn passou a ser favorita ao título, bem distante dos rivais. Mesmo com a grande vantagem de Jenson Button para Rubinho, ambos tinham carros em iguais condições de brigar pelo campeonato, e logo viraram exemplos de competência e superação.

Porém, a equipe inglesa preferiu repetir as práticas condenáveis da "fase de ouro" da Ferrari - não por acaso, Ross Brawn também era o chefe da equipe italiana: o lobo da vez é Button, que deixou de ser o projeto de campeão simpático, para falar mais do que correr. Valeu-se abertamente da tática de Rubinho durante o treino oficial de sábado - ele esperou para ver como seria o desempenho do brasileiro na terceira parte da classificação - e do "jogo de equipes" de Ross.

Chegou em sexto, com uma atuação bastante inferior às que tem apresentado na temporada. O inglês soma 67 pontos, 21 a mais que o vice-líder, Sebastian Vettel - o alemão, aliás, chegou em segundo, com uma atuação discretíssima. Mas há muito campeonato pela frente.

Cordeiro mesmo, só Rubinho, bem melhor que Jenson nesse final de semana: a cautela o impediu de sair da corrida logo na primeira curva; a Brawn, porém, tratou de colocá-lo onde achava devido, como fiel escudeiro. Um erro durante seu pit stop, os pneus que não atingiram a temperatura ideal, e a troca forjada de posições entre ele e Button terminaram de manchar a participação da equipe em Nürburgring. O brasileiro chegou em sétimo, e caiu para quarto no campeonato.

Um ponto faz toda a diferença ao fim de uma temporada: Räikkonen, em 2007, e Hamilton, em 2008, mostraram isso. O finlandês até foi ajudado por Felipe quando ganhou seu título, mas fez por merecer, assim como Hamilton. Não pegou bem para a Brawn.

A RBR pode não ser o novo padrão de F-1, nem Sebastian Vettel ou Mark Webber exemplos de pilotos humildes - Webber, aliás, já pensa grande. E nem é isso que se espera deles. O que se quer é ver uma disputa honesta, com ambos tendo chances de vencer, e de ofuscar o domínio de uma equipe só. O espectador agradece.

4 comentários:

Rosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rosa disse...

Infelizmente, a atitude da Brawn é justificável...o carro da Red Bull chegou, ou, dizem alguns, já passou!

Mas acho isso de uma antiesportividade tão grande. No fim do campeonato até vai, mas agora, com o Rubinho ainda pilhado pra alcançar o líder, é triste.

Nas atuais condições, penso que deve chegar na frente quem fez por merecer. Na equipe rival da Brawn seria mais cômodo mandarem o Vettel passar, afinal, de 21 pontos para o líder, ele teria agora 19. Mas ele fez por merecer na pista? Não! Então, que esconda a cara ruim e se conforme. E mais, Cristian Horner disse que é justamente essa falta do primeiro piloto que faz ambos se matarem na pista, ou seja, melhora a perfomance dos dois. Não sei como o Barrica ainda tem motivação pra correr sendo, agora explicitamente, o segundo piloto...

Ow karma!

Jorge André disse...

Nam, Ross Brawn é mestre nisso: de ser covarde sem necessidade. O Becken disse que o Rubinho também foi prejudicado pelo Felipe e seu KERS, mas se fosse só isso, azar o dele.

O problema é que o Jenson não precisa(va) de um ponto, não agora. Tudo bem que tem a pressão que a RBR vai exercer agora, mas se a Brawn é mesmo tão boa, que mostre na pista.

Uma disputa interna é saudável, a RBR prova isso. E Mark Webber parece que tem mais bala na agulha do que o Vettel, fica a dica.

Rosa disse...

Olha, não tem essa de não precisava de um ponto agora....um ponto sempre é bem vindo, que o diga Kimi e Hamilton nos últimos anos. Pode fazer toooda a diferença. Por isso que digo, foi justificável, mas antidesportivo. E eu não apoio a antidesportividade.