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"Você sabe o que eu quero dizer, não tá escrito nos outdoors. Por mais que a gente grite, o silêncio é sempre maior" (Engenheiros do Hawaii)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A saúde brasileira e os impostos

Peço desculpas aos leitores habituais, mas não poderia deixar de manifestar minha opinião sobre isso que ouvi hoje. Amanhã, o blogueiro volta ao normal, ok?

"Eu quero saber quem vai explicar para os prefeitos do Brasil, para os governadores do Brasil e para os pacientes do SUS a hora que não tiver o dinheiro para fazer essa quantidade de atendimento que eu acabei de citar agora [mais de 11 milhões de internações, 268 milhões de consultas especializadas, 348,8 milhões de exames laboratoriais, 9,3 milhões de hemodiálises, 134 milhões de procedimentos ambulatoriais e 2,2 milhões de partos]. Nós vamos ter que arrumar dinheiro em algum lugar." (Lula, no Café Com o Presidente de hoje de manhã, ao falar dos possíveis efeitos da extinção da CPMF)

Segundo o presidente, do dinheiro arrecadado com a CPMF, 40% vai para o Sistema Único de Saúde. Gostaria de saber, sinceramente, de qual SUS beneficiado pela verba do referido imposto fala nosso Presidente.

Será que é do SUS como o do Hospital Getúlio Vargas de Teresina, com pessoas chegando às 4:30 da manhã para terem a remota possibilidade de serem atendidos por médicos que passam mais tempo no cadastro do paciente do que o examinando de fato?

É do SUS que deixa acidentados expostos como reses em macas (quando há macas) nos corredores dos hospitais da rede pública? Que serve de laboratório para estudantes e professores (salvo exceções, óbvio) que tratam os doentes antes como cobaias que como seres humanos?

Eu mesmo já senti na pele o que é ser (mal)tratado pelo SUS. Passei pouco mais de um mês e meio tentando fazer um check-up (exames de coluna, de sangue, entre outros) e, jogado de setor para setor, de médico para médico, descobri que minha coluna estava normal (apesar das dores fortíssimas que sinto até hoje) e que meu sangue é A+ e vai bem, obrigado.

A ínfima cota de vinte pacientes por dia a qual fui submetido, e que por vezes deu nãos na cara de gente necessitada, definitivamente, não pode ser modelo do SUS que recebe verbas da CPMF.

Poderiam objetar, os governistas fervorosos, que muito tem sido feito pela saúde, que estamos melhor que muitas administrações passadas. Cabe-lhes dizer, também, da burocracia dos mecanismos de redistribuição de renda, das centenas de milhares de hospitais aos quais são repassados esses insuficientes recursos, que os médicos e demais funcionários estão sobrecarregados, devido à alta demanda para poucos atendentes. De fato, estes contra-argumentos servem para justificar tal situação.

Agora, além disso tudo ter que ser combatido pela Administração Pública, não acredito que a simples manutenção da CPMF sirva para melhorar esse quadro. Creio, isso sim, que o governo deve destinar muito mais gastos do que hoje é feito para que nós, cidadãos, possamos recorrer à saúde pública com mais esperanças de termos nossos problemas solucionados, ao menos quanto ao nosso bem estar físico e mental.

Ah, e antes que digam "ele só escreveu isso porque foi diretamente afetado pela defasagem da saúde", saibam que eu me submeti por vontade própria ao SUS - pois minha família, graças a Deus e , acreditem ou não , a muito custo, pode pagar tratamentos particulares para mim. Submeti-me a essa via crúcis como cidadão capaz e ávido por exercer seus direitos, por acreditar que bem tão essencial fosse ofertado pelo Estado sem embargos.

Escrevo esse texto lembrando das pessoas que vi chegando do interior - ou de fora do Piauí - para receberem tratamento, mas em vez disso levaram um não na cara. Escrevo esse meu protesto por me sentir enojado diante da hipocrisia de nossos governantes, que movidos por interesses muitas vezes diversos aos anseios populares, aparecem na mídia para defender políticas espúrias.

Criemos vergonha, ou pelo menos decência, para realmente cobrarmos posturas dos "homens do poder" que de fato satisfaçam os reais desejos da nossa sociedade. Principalmente saúde, porque sem ela nos falta até o ânimo para continuarmos a luta por um mundo melhor.

Um comentário:

Lay disse...

Esse post merecia muitos comentários!
O Lula devia se preocupar com a ernorme quantidade de gastos que a máquina do governo está provocando. O governo dele é o que mais fez gastos desnecessários.